Em meio a guerra comercial com EUA, China impõe bloqueios a missionários americanos

Trabalhadores da missão americana China Partner foram impedidos de viajar ao país comunista para dar um treinamento ministerial em escolas bíblicas.

Por Lucas Almeida em 11/04/2025 às 12:57:11
O presidente da China Xi Jinping . (Foto: Imagem ilustrativa/Reprodução/YouTube/?????).

O presidente da China Xi Jinping . (Foto: Imagem ilustrativa/Reprodução/YouTube/?????).

A guerra comercial entre os Estados Unidos e a China já está afetando o trabalho missionário no país comunista.

Na quarta-feira (9), o presidente Donald Trump anunciou um aumento de 125% na taxação sobre produtos importados da China.

"Com base na falta de respeito que a China demonstrou aos mercados mundiais, estou, por meio deste, aumentando a tarifa cobrada da China pelos Estados Unidos da América para 125%, com efeito imediato", afirmou o líder norte-americano em postagem no X.

Em retaliação às taxações iniciais que começaram em fevereiro, o governo chinês também anunciou tarifas de 84% em produtos dos EUA.

Enquanto as tensões crescem entre os dois países, o conflito impacta não apenas os mercados globais, mas também o campo missionário na China.

A missão americana China Partner relatou que seus missionários estão enfrentando dificuldades para viajar ao país.

Os cristãos foram impedidos de visitar seminários e escolas bíblicas chinesas, onde iriam promover treinamento ministerial.

"Fomos convidados a ir e fazer mais alguns treinamentos em duas províncias diferentes e três escolas diferentes. Acabamos de ser informados por nossos amigos de lá que estão com a Igreja Registrada que eles não receberam permissão de seu governo para nos receber", afirmou Erik Burklin, presidente da China Partner, em entrevista ao Mission Network News.

"Nunca tivemos isso em que, no último minuto, alguém nos indicasse: 'Por favor, não venha agora porque não conseguimos permissão para hospedá-lo'".

Segundo o Mission Network News, o bloqueio dos missionários da Partner faz parte das ações de retaliação do regime comunista à taxação dos EUA.

Proibições no passado

Erik contou que não é a primeira vez na história de 100 anos da China Partner que seu trabalho missionário é afetado pelas autoridades chinesas. Seus avós, que fundaram a missão, também enfrentaram proibições no passado.

"Em 1925, eles receberam o chamado de Deus em seus corações para se tornarem missionários. Eles passaram por lutas e tiveram conflitos políticos durante sua estadia na China. No final da Segunda Guerra Mundial, Mao Zedong chegou ao poder e todos os estrangeiros foram convidados a sair. Portanto, isso não é necessariamente sem precedentes, de certa forma", comentou ele.

Erik ressaltou que o ministério não irá parar porque as viagens missionárias foram canceladas. "Há muitas coisas que ainda podem ser feitas", garantiu.

A China Partner, que dá treinamento ministerial a líderes e cristãos locais, continua apoiando a Igreja chinesa através da oração e comunicação online.

Segundo Erik, a missão está em contato com pastores das duas províncias afetadas pelo cancelamento para entender melhor a situação.

"Queremos ser muito sábios e também queremos respeitar as autoridades que agora basicamente limitaram as viagens internacionais para vir à China", explicou.

"A Igreja ainda está operando na China e as pessoas estão indo à igreja, seja no movimento da Igreja doméstica ou na Igreja Registrada. Deus ainda está trabalhando", declarou ele.

Novas medidas reprimem missões

No dia 1° de abril, o Partido Comunista Chinês (PCC) anunciou novas medidas que podem proibir atividades missionárias na nação.

Os novos regulamentos, emitidos pela Administração Estatal para Assuntos Religiosos, impedem estrangeiros de pregar, compartilhar sua fé ou criar organizações religiosas sem aprovação prévia do regime.

A mídia estatal chinesa defendeu as novas regulamentações afirmando que elas reforçam a segurança nacional – uma justificativa frequentemente utilizada pelo PCC para práticas de perseguição religiosa – e garantem a proteção de "atividades religiosas normais", isto é, aquelas realizadas sob rigorosa supervisão do governo e vinculadas a instituições religiosas estatais.

O PCC mantém uma visão desconfiada sobre atividades religiosas independentes, alegando que a lealdade religiosa entra em conflito com a lealdade absoluta que o Partido exige.

O governo classifica essas práticas como sectárias e extremistas, independentemente de sua base teológica, impondo que toda manifestação religiosa cristã seja restrita às igrejas controladas pelo Estado.

Fonte: Com informações de Mission Network News

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